sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vó Cleide

         Minha avó materna é completamente pirada, ela é meio hipocondríaca, tem um humor meio doentio, é meio danificada psicologicamente e é a mulher mais forte que eu já conheci. As pessoas não costumam perceber esse lado dela, por ficarem muito presas aos 'meio' e não perceberem o 'inteiro', minha avó cuidou da minha mãe sozinha, passou fome, trabalhou, ficou órfã antes de ficar maior de idade e sempre lutou. Do jeito dela. Porque minha avó também é a pessoa mais frágil que eu conheço. Mas sobreviveu. E está aqui. Continua lutando. Minha avó tem muitas histórias engraçadas e não pode assistir tragédias na televisão, porque ela entra em depressão mesmo, sofre como se fosse com ela. Porque vovó é assim, puxa as dores do mundo pra si, porque quer tirar a dor das pessoas mesmo que a dor passe a doer nela. Minha avó é exagerada em tudo que faz, quando fala, quando sente, quando ama, quando defende. Eu já sou mais calma, eu meio que cuido dela quando ela não está cuindando de mim. Somos bem diferentes e bem parecidas. E minhas conversas com ela parecem que nunca vão ter fim e só a presença dela já me garante um sorriso. É impossível não amar a minha avó, da mesma forma que é impossível não querer brigar com ela quando ela começa. A verdade? Minha avó é linda e é toda incoerente, eu puxei esse último e mais um monte de coisas dela. E ela puxa minhas dores e temores de mim. Somos uma boa dupla, eu e ela. Eu cuido dela e ela cuida de mim.

3 Travessos:

Aninha disse...

Ela leu esse texto? Chorou, né? Muito lindo Mari, como toda a sua família e o relacionamento de vocês.

Anônimo disse...

Dá vontade de te apertar tanto, sabia? Você é tão especial e, ao parecer, sua família também :( Um dia ainda vou conhecer todo mundo, você vai ver.
ove u demais (L)
(Duds)

Pans. disse...

Sou apaixonada por esse texto.