terça-feira, 26 de julho de 2011

Mãe, eu quero ser poeta.

Quando eu tinha seis anos,
eu disse assim para a minha mãe:
- Mãe, eu quero ser poeta.
Ela riu e disse:
- Então seja.
E eu fui.
Dia desses, ela disse assim para mim:
- Você nunca quis ser poeta, meu amor. Você já nasceu assim.
Eu sorri... E transformei aquilo em poesia.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Anjo.

(Para E.)


Você tem asas, amor.
Então, voa.
Esse mundo não é o teu.
Então, te salva.
Corre!
Antes que te cortem as asas.
Voa, amor.
Voa pro mundo que é só teu.
E me deixa ir junto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

É melhor assim...

O rosto mostrava um aparente sinal de cansaço e a boca se curvava em sorriso triste que mais parecia uma careta. Olhou para longe e encarou sua mãe sorrindo fracamente para ela, ela sabia que as notícias não eram boas e não tinha certeza se queria ouvir o que sua mãe tinha para falar. Ainda assim, juntando a pouca coragem que tinha caminhou até sua mãe. "O que houve?" Perguntou meio sem jeito e sabendo que sua mãe não era uma mulher de delongas na hora de dar uma notícia e nem de dar confoto após entregá-las, não se surpreendeu com as palavras que saíram da boca dela ou com a falta de tato após dá-la "Bem, Ele se foi..."
 A garota engoliu seco e segurou o choro travado na garganta, ela queria questionar e dizer alguma coisa à sua mãe, mas não conseguiu. Apenas ficou ali, parada e prendendo o choro. "Foi melhor assim" A mãe falou, o que era surpreendente "Ele estava sofrendo". Apesar de ouvir razão na voz da mãe, não podia concordar com ela. Era melhor que ele estivesse bem, em casa, sorrindo para ela enquanto eles assistiam alguma programa ruim na televisão. "É um modo de ver as coisas". Foi o que ela respondeu, juntando toda a sua coragem e até um pouco de ousadia. Sem poder aguentar mais aquele ambiente sufocante que servia apenas para lembrá-la da perda, levantou e caminhou até a porta. Ao encarar a rua e a forma como a vida das pessoas continuava, achou o mundo um lugar muito mesquinho e se sentiu tão mesquinha quanto, quando percebeu que não se importava. Chegando em casa, olhou os objetos, não havia vestígio de que um elo tão importante havia sido perdido, não ainda, pelo menos. Imaginou se ela poderia acabar com a vida dela e usar a desculpa da mãe "Foi melhor assim, eu estava sofrendo". Seria uma verdade para ela. Ela queria apenas algo que calasse a sua dor, a morte era bastante definitiva quando se pensava em "acabar com a dor". Então, caminhou até a cama e ficou lá deitada, decidiu que ia apenas curtir o seu sofrimento. E Era melhor ficar ali por um bom tempo, ela estava sofrendo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Confessionário.

Há muitos pecados
comentidos em meu nome
em amor a ti.

Peço perdão por eles.
Mas não acredito em redenção.
Estou condenada a ti.

Sickness.

Te amo e transbordo, tudo que há em mim cai pelas beiradas. Derramo a razão, o pudor e a vergonha. Para caber você e isso que eu sinto. Então, me acusas de te amar errado e eu te digo que isso não existe. Me chamas de louca, eu digo que estou apaixonada. Tu não escutas. Tu falas que eu estou cega e eu digo que estás surdo. Grito que te amo e tu vais embora. Fico vazia e só me sobra lembranças desse amor doentido para me servir de alimento.

Casa.

Te guardarei comigo, assim, quando eu estiver distante, a tua lembrança será o meu abrigo e eu me sentirei em casa, aquecida, acolhida e amada.
Você - que é meu ponto de partida - será meu ponto de chegada.
E enquanto estiver longe, meu único pedido é que penses em mim ao acordar e pouco antes de dormir, eu estarei fazendo o mesmo e podemos fingir estarmos juntos.
Todos os segundos afastados serão contados como um segundo a menos para voltar a ti.
E então, quando eu te encontrar de novo, quando teus lábios tocarem os meus e tuas mãos enlaçarem as minhas, não precisarei fingir, estarei ao teu lado.
Em casa. Sorrindo.