domingo, 11 de dezembro de 2011

Abraços.

Eu conheço uma pessoa pela forma como ela abraça. Se ela é muito carinhosa, se ela precisa de carinho, se ela é mais tímida, enfim, eu conheço uma pessoa pelo seu abraço. Tem abraço que chega a dar um gosto doce na boca e tem abraço que eu fico esperando a semana toda só pra receber, têm abraços que me deixam receosa e têm outros que são tão puros, têm uns que falam mais do que palavras e tem abraço que a pessoa rouba um pouco de mim para ela, mas não é por maldade, é por necessidade, eu também gosto desses abraços.
É que, para mim, um abraço é quando um coração encontra outro coração. É por isso que eu conheço uma pessoa pelo abraço. Quando eu abraço alguém, eu abraço sua alma.

domingo, 27 de novembro de 2011

Elas, as palavras.

E elas se foram...
Até as minhas palavras me trairam.
Não sobrou nada.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sobre escrever e parir (o parto)

Primeiro há o encontro.
Você, a ideia, o flerte.
A ideia te fecunda, o texto vira zigoto. A gestação é incômoda, o zigoto, que agora já é feto, quer ganhar a vida e os chutes muitas vezes não te deixam dormir. Ainda assim, seu coração é tomado por um amor que só uma mãe consegue sentir. Quando esse amor te preenche por completo é sinal de que o bebê-texto está pronto. E então dói. Dói dor de parto. Dor tão querida que é recebida entre sorrisos e lágrimas.
Na maternidade de papel, o lápis desenha em forma de palavras os parágrafos do filho amado. Depois do árduo trabalho de parto, vem o prazer imensurável de conhecer o seu bebê. Vê-lo pronto e perceber que ele tem muitos traços da ideia, mas se parece mais com você.
Então, de repente, ele parece frágil demais, precisando amadurecer, e você, mãe superprotetora, o coloca na incubadora do criado-mudo. Vê-lo ali, tão pequeno e solitário, desperta uma espécie de depressão pós-parto. Passado algum tempo, ao olhar para ele de novo, você, mãe amadurecida, percebe que ele está pronto e apresenta-o ao mundo. E ele vai... Vai para os braços de outros, que ao contrário de você, mãe coruja, nem sempre são muito gentis e quase sempre são muito críticos. Mas os textos, assim como os filhos, são criados para o mundo e não para o criado-mudo.
              Porque todo parto é assim, reparte sua alma em duas partes: Uma é orgulho, a outra, saudade.



(Em parceria com Cássia Costa)


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vó Cleide

         Minha avó materna é completamente pirada, ela é meio hipocondríaca, tem um humor meio doentio, é meio danificada psicologicamente e é a mulher mais forte que eu já conheci. As pessoas não costumam perceber esse lado dela, por ficarem muito presas aos 'meio' e não perceberem o 'inteiro', minha avó cuidou da minha mãe sozinha, passou fome, trabalhou, ficou órfã antes de ficar maior de idade e sempre lutou. Do jeito dela. Porque minha avó também é a pessoa mais frágil que eu conheço. Mas sobreviveu. E está aqui. Continua lutando. Minha avó tem muitas histórias engraçadas e não pode assistir tragédias na televisão, porque ela entra em depressão mesmo, sofre como se fosse com ela. Porque vovó é assim, puxa as dores do mundo pra si, porque quer tirar a dor das pessoas mesmo que a dor passe a doer nela. Minha avó é exagerada em tudo que faz, quando fala, quando sente, quando ama, quando defende. Eu já sou mais calma, eu meio que cuido dela quando ela não está cuindando de mim. Somos bem diferentes e bem parecidas. E minhas conversas com ela parecem que nunca vão ter fim e só a presença dela já me garante um sorriso. É impossível não amar a minha avó, da mesma forma que é impossível não querer brigar com ela quando ela começa. A verdade? Minha avó é linda e é toda incoerente, eu puxei esse último e mais um monte de coisas dela. E ela puxa minhas dores e temores de mim. Somos uma boa dupla, eu e ela. Eu cuido dela e ela cuida de mim.

Vó Anunciada.

       Não conheci minha avó paterna, isso já me rendeu saudade, textos e sonhos em que eu posso jurar que ouvi a voz dela. Não tenho lembrança nenhuma dela, tudo que eu tenho são histórias contadas pela minha mãe e pela minha avó, uma foto com ela me segurando e saudade de alguém que nunca conheci. Vez ou outra, minha mãe diz que eu lembro ela, o fato de eu ter insônia, o meu jeito, algumas coisas que eu falo e eu já passei muito tempo imaginando ela na casa onde ela viveu. Eu também monto histórias na cabeça, imagino o que ela faria ou pensaria em relação a algumas coisas que eu faço. O que eu sei é que minha avó era uma mulher fantástica, minha avó materna sempre fala dela com saudade - embora elas também não tenham convivido por muito tempo - e nas datas importantes, sempre fala assim "Sua avó ia ficar muito feliz se estivesse aqui" e quando eu consigo fazer alguma coisa digna de orgulho, ela também comenta que minha avó era louca por mim e que se estivesse aqui, estaria cheia de orgulho. Mas ela não está e eu sinto muito por não tê-la conhecido, eu sinto uma dor fina entre o peito e o estômago. Eu sinto dor e saudade pela minha avó. E um amor que eu nem sei explicar, eu queria poder dizer isso a ela. E eu queria que ela pudesse me dizer as coisas que minha avó materna diz que ela diria. Eu queria que ela estivesse aqui. Fisicamente. Mas ela nunca vai estar. Mas eu gosto de pensar que esse sentimento é ela. Que saiu da Terra, mas não saiu de mim.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nós.

Desatar os nós.
Desatar o nós.
E entrelançar-nos
No nosso
Nó.

Nós.

Eu
Tu
Nós
Ela
Vós
Eu.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amor,

      Só se passaram dois dias, mas parece que foram dois anos. A casa está triste e eu fico te imaginando aqui. Parece que eu estou enlouquencendo e ouvindo sua voz pelos cômodos. Não mexi no que você deixou aqui, fico fazendo de conta que as coisas - assim como a minha vida - vão se arrumar sozinhas. Ontem à noite, assisti nosso programa de tv favorito e senti tanta saudade que o meu coração pareceu inchado e grande demais para caber no peito, ele estava cheio de você e como tudo relacionado a você e a mim, doía. E doeu mais, porque a pior dor do mundo é aquela que o remédio está nas mãos de outro. Acolhida pela dor, resolvi ter uma crise masoquista, vi nossas fotos, cherei o teu perfume, abracei teu travesseiro, chorei, pensei em te ligar e desisti, pensei em ir bater na porta do seu coração e pedir pra voltar pra lá, pensei, pensei, pensei... E por sorte, fiz o mais sensato: Li um livro e depois fui dormir. Ao acordar, a sensação me voltou. Me doeu, me abraçou, me obrigou a te escrever essa carta. E ela só carrega um pedido: Não volte mais. Não volte em caso algum. Não volte para mim. Não volte. Vá ser feliz e me deixe aprender ser feliz sozinha. Porque somos dor e não amor. E eu estou tentando largar os dias masoquistas. 

Com toda minha dor, Alice.

sábado, 10 de setembro de 2011

(O nome dele aqui)

Você bagunçou tudo.
Chegou mudando as coisas de lugar.
Deixou suas tralhas espalhadas pelo chão
Juntou o seu com o meu e fez o nós ser algo bom.
Me deixou louca.
Transformou minha vida em um inferno.
E isso é tão irônico.
Porque você é o mais perto do paraiso que eu vou chegar.

Equilibrista

Um segredo sobre mim?
Sempre quis ser equilibrista.

Andar na corda bamba
Sempre foi um delírio meu.

Mas eu devia me conhecer melhor
E largar os sonhos impossíveis

Afinal
 Equilíbrio nunca foi (e acho que nunca será) o meu forte.
 Estou sempre pendendo e caindo para um lado. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Travessuras da menina má

Frequentemente me perguntam sobre o título desse blog. Bom, primeiramente, é por causa do livro de Llosa, que, na verdade, nunca li, mas paquero há uns dois ou três anos... Aquele livro é um flerte antigo que tem medo de ser consumado. Morro de medo de que ao lê-lo não me veja mais como a menina má dos ombros da capa. Mas um dia, eu tomo coragem, compro e leio... Até lá vou criando minhas próprias histórias "meia-boca". Em segundo lugar e, talvez, primeiro, é que aqui eu abro o meu lado malvado. O lado que se permite através de textos, o lado que pode ser. Então aqui eu vou colocando minhas travessuras e me assumindo... E fazendo de conta que sou uma personagem de Mario Vargas Llosa.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Se você,



eu...

Quando eu

Quando estou com sede
Sou sede

Quando estou com frio
Sou frio

Quando estou com medo
Sou medo

Quando estou com você
Sou amor.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ela é amor.

Ela é amor

Amor e poesia

Agridoce - Como todas as coisas boas da vida

Ela é rainha

É vontade

Ela é minha

E é tudo que eu preciso

Porque ela é amor

 E poesia. 

terça-feira, 26 de julho de 2011

Mãe, eu quero ser poeta.

Quando eu tinha seis anos,
eu disse assim para a minha mãe:
- Mãe, eu quero ser poeta.
Ela riu e disse:
- Então seja.
E eu fui.
Dia desses, ela disse assim para mim:
- Você nunca quis ser poeta, meu amor. Você já nasceu assim.
Eu sorri... E transformei aquilo em poesia.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Anjo.

(Para E.)


Você tem asas, amor.
Então, voa.
Esse mundo não é o teu.
Então, te salva.
Corre!
Antes que te cortem as asas.
Voa, amor.
Voa pro mundo que é só teu.
E me deixa ir junto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

É melhor assim...

O rosto mostrava um aparente sinal de cansaço e a boca se curvava em sorriso triste que mais parecia uma careta. Olhou para longe e encarou sua mãe sorrindo fracamente para ela, ela sabia que as notícias não eram boas e não tinha certeza se queria ouvir o que sua mãe tinha para falar. Ainda assim, juntando a pouca coragem que tinha caminhou até sua mãe. "O que houve?" Perguntou meio sem jeito e sabendo que sua mãe não era uma mulher de delongas na hora de dar uma notícia e nem de dar confoto após entregá-las, não se surpreendeu com as palavras que saíram da boca dela ou com a falta de tato após dá-la "Bem, Ele se foi..."
 A garota engoliu seco e segurou o choro travado na garganta, ela queria questionar e dizer alguma coisa à sua mãe, mas não conseguiu. Apenas ficou ali, parada e prendendo o choro. "Foi melhor assim" A mãe falou, o que era surpreendente "Ele estava sofrendo". Apesar de ouvir razão na voz da mãe, não podia concordar com ela. Era melhor que ele estivesse bem, em casa, sorrindo para ela enquanto eles assistiam alguma programa ruim na televisão. "É um modo de ver as coisas". Foi o que ela respondeu, juntando toda a sua coragem e até um pouco de ousadia. Sem poder aguentar mais aquele ambiente sufocante que servia apenas para lembrá-la da perda, levantou e caminhou até a porta. Ao encarar a rua e a forma como a vida das pessoas continuava, achou o mundo um lugar muito mesquinho e se sentiu tão mesquinha quanto, quando percebeu que não se importava. Chegando em casa, olhou os objetos, não havia vestígio de que um elo tão importante havia sido perdido, não ainda, pelo menos. Imaginou se ela poderia acabar com a vida dela e usar a desculpa da mãe "Foi melhor assim, eu estava sofrendo". Seria uma verdade para ela. Ela queria apenas algo que calasse a sua dor, a morte era bastante definitiva quando se pensava em "acabar com a dor". Então, caminhou até a cama e ficou lá deitada, decidiu que ia apenas curtir o seu sofrimento. E Era melhor ficar ali por um bom tempo, ela estava sofrendo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Confessionário.

Há muitos pecados
comentidos em meu nome
em amor a ti.

Peço perdão por eles.
Mas não acredito em redenção.
Estou condenada a ti.

Sickness.

Te amo e transbordo, tudo que há em mim cai pelas beiradas. Derramo a razão, o pudor e a vergonha. Para caber você e isso que eu sinto. Então, me acusas de te amar errado e eu te digo que isso não existe. Me chamas de louca, eu digo que estou apaixonada. Tu não escutas. Tu falas que eu estou cega e eu digo que estás surdo. Grito que te amo e tu vais embora. Fico vazia e só me sobra lembranças desse amor doentido para me servir de alimento.

Casa.

Te guardarei comigo, assim, quando eu estiver distante, a tua lembrança será o meu abrigo e eu me sentirei em casa, aquecida, acolhida e amada.
Você - que é meu ponto de partida - será meu ponto de chegada.
E enquanto estiver longe, meu único pedido é que penses em mim ao acordar e pouco antes de dormir, eu estarei fazendo o mesmo e podemos fingir estarmos juntos.
Todos os segundos afastados serão contados como um segundo a menos para voltar a ti.
E então, quando eu te encontrar de novo, quando teus lábios tocarem os meus e tuas mãos enlaçarem as minhas, não precisarei fingir, estarei ao teu lado.
Em casa. Sorrindo.

sábado, 11 de junho de 2011

Casca Vazia.

Oh, amor!
Ainda posso te chamar assim? De amor?
Enfim...
Ouvi dizer que você está bem...
Me pergunto se já encontrasse um outro alguém.
Será que ainda me chamas de amor?
Porque eu te chamo de amor em segredo...
E mais que isso, te chamo de Meu.
Meu amor...
Caso eu ainda seja o teu amor, me deixa saber
Porque a casa está vazia sem você.
E eu até sei viver sozinha
Fico até muito bem sem ninguém.
Mas sem você, amor, viro casca vazia.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Peau de Soie.

Conheço-te como um cego que, mesmo sem ver, sabe quem se aproxima
pelo barulho das pegadas.

Sinto-te sem te sentir,
pois mesmo quando não estás aqui, seu toque toca em mim.

Cheiro o ar puro e teu cheiro me invade as minhas narinas.

Ouço tua voz quando escuto os primeiros acordes de minha música favorita.

Vejo-te quando os meus olhos se fecham e,
se não estás aqui, és meu delírio quando eles se abrem.

Teu sabor é tão meu que em minha boca o gosto é o teu.

Quero-te tão loucamente que todos os meus cinco sentidos são seus…

Quero dizer, os seis.
O sexto é meu amor que também é teu.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dor.

Mal consigo respirar

Há algo em minha garganta que me impede

Corta meus órgãos

Aprisiona

Causa dor

Quase asfixia

E me dá um prazer doentio

Sorrio ao sofrer

Andava feliz demais

Estava com saudade da minha melancolia

Mas agora ela está aqui

Ela me acolhe

A dor está aqui, está tudo no lugar

Está tudo bem.

sábado, 23 de abril de 2011

Caos.

Começo a escrever
Mil ideias em minha cabeça

Me corroem
Suplicam por vida
Querem que eu as coloque para fora

Gritam
Criam um caos

Me causam uma ligeira loucura
Descontrolam-me

Parece um vício desenfreado
Jogo-as para fora
Pois me assustam
E as trago de volta,
Mesmo sem querer
Porque me acalmam

Ali há o pior e o melhor de mim
Grito pedindo silêncio
Silêncio que não vem

E se vem, muito mais
me apavora.

domingo, 13 de março de 2011

E...

E eu me perdi em você
E tudo passou a ser sobre você
E eu passei a viver você
E tudo era você, por você, com você
E se não tinha você, não tinha eu
Porque eu era você
E na época parecia lindo
E eu achava romântico
Mas você se foi
E eu, sendo você, fui também
Só que você foi ser feliz
E eu fui ser ninguém...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Lembranças.

Lembro de ser pequena e esperar ele chegar a partir das 8:00 horas em ponto. Lembro que ele sempre chegava atrasado, mas eu não me importava. Lembro de passar o dia inteiro com ele, mas ele nem olhava em minha direção. Lembro de como as atitudes dele me magoavam. Lembro de um dia esperar e ele não aparecer. Lembro de esprerá-lo por vários sábados e nada. Lembro de um dia parar de esperar. Lembro das indas e vindas e dar dor que elas me causavam. Lembro de chorar, lembro de tentar me curar, lembro de tentar esquecer. Lembro de tentar te odiar, de querer te matar e não conseguir fazer nada disso. E me pergunto: Você ao menos lembra, vagamente, de mim?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Mas eu estou triste...

Mas eu estou triste... Então não adianta.

Mas eu estou triste... Então não sigo adiante.

Mas eu estou triste... Então de nada adianto.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Medo.

Não tenho medo do que é eterno
Não tenho medo do que é fugaz
Tenho medo do que fica pela metade
Não é um ou outro
Logo, tenho medo dos seres humanos
Mudando constantemente
Tenho medo de mim.

Um bom ano.

Que se renove as esperanças
Que se diga que hoje é um novo dia
Que se deseje amor
Que se queiram bem e façam o bem
Que seja um começo depois do fim
Que não se esqueçam do antes
Que acordemos no novo ano, nos renovando
Deixando o erro e as besteiras de lado
Que se queira um bom ano para se ter um bom ano
E que façamos isso por nós
Não por causa do novo número no calendário.