quarta-feira, 4 de junho de 2014

Tuas mãos, mãezinha

Tuas mãos quentes,
tão macias em meus cabelos
pareciam um tocar de seda.
Meu coração se encheu
de amor por tão terno gesto.

E me assombrou pensar que,
um dia, esses carinhos
que me acalentam a vida
serão lembranças
e que tuas mãozinhas
que mais parecem seda,
mãezinha, ficarão velhas,
geladas, enrugadas e vazias.

Então, por favor,
brinca com meus cabelos
e alisa-me a face,
que a vida que deixas
quero ter toda gravada
em mim.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Alice e Rodrigo



- Rodrigo... – Hesitou. Não sabia ao certo o que queria dizer. Que sentira tanta falta de ter um momento como aquele com ele? Que pensou que nunca mais compartilhariam uma tarde tão agradável? Que ainda sentia toda a sua alma ser tomada por uma música calma e descompassada quando os olhos dele passeavam por toda ela? Que ela nunca havia deixado de amá-lo e nunca permitira, nem nos momentos de maior dor ou tristeza, que aquele sentimento tão profundo, simples e bonito se transformasse em qualquer coisa diferente de Amor? Nenhuma das opções lhe parecia correta. Então apenas olhou para ele. Nos olhos. Ficou com a boca entreaberta, com as palavras atropeladas na garganta.
- Eu sei... – Ele respondeu. E sabia mesmo. Porque Rodrigo compartilhava aqueles sentimentos com Alice. E um pesar a mais: o arrependimento de ter mandado o Amor embora e nunca ter sido homem o suficiente para trazê-lo de volta, alegando falsamente que era para o bem dos dois.