quarta-feira, 4 de junho de 2014

Tuas mãos, mãezinha

Tuas mãos quentes,
tão macias em meus cabelos
pareciam um tocar de seda.
Meu coração se encheu
de amor por tão terno gesto.

E me assombrou pensar que,
um dia, esses carinhos
que me acalentam a vida
serão lembranças
e que tuas mãozinhas
que mais parecem seda,
mãezinha, ficarão velhas,
geladas, enrugadas e vazias.

Então, por favor,
brinca com meus cabelos
e alisa-me a face,
que a vida que deixas
quero ter toda gravada
em mim.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Alice e Rodrigo



- Rodrigo... – Hesitou. Não sabia ao certo o que queria dizer. Que sentira tanta falta de ter um momento como aquele com ele? Que pensou que nunca mais compartilhariam uma tarde tão agradável? Que ainda sentia toda a sua alma ser tomada por uma música calma e descompassada quando os olhos dele passeavam por toda ela? Que ela nunca havia deixado de amá-lo e nunca permitira, nem nos momentos de maior dor ou tristeza, que aquele sentimento tão profundo, simples e bonito se transformasse em qualquer coisa diferente de Amor? Nenhuma das opções lhe parecia correta. Então apenas olhou para ele. Nos olhos. Ficou com a boca entreaberta, com as palavras atropeladas na garganta.
- Eu sei... – Ele respondeu. E sabia mesmo. Porque Rodrigo compartilhava aqueles sentimentos com Alice. E um pesar a mais: o arrependimento de ter mandado o Amor embora e nunca ter sido homem o suficiente para trazê-lo de volta, alegando falsamente que era para o bem dos dois.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Amor,

Você acredita em "almas gêmeas"?, "feitos um para o outro"?, "duas metades da laranja"? Bom, eu não acredito, nunca acreditei. Eu acho que existe uma série de pessoas pelas quais poderíamos nos apaixonar e encontrar felicidade ao lado, não uma ou duas, mas algumas. Encontramos uma delas e aquela é a escolhida... É como escolher uma profissão, eu sei que eu poderia ser fotógrafa, me daria muito bem como professora, poderia ser intérprete de surdos ou ser advogada, mas eu escolhi ser psicóloga. Eu sei que eu poderia ser qualquer uma daquelas outras coisas e seria feliz em cada uma delas. Da mesma forma eu poderia ser feliz com o Daniel, aquele vizinho que você achava "engraçadinho demais", poderia ter uma vida maravilhosa ao lado do Miguel, o meu parceiro do jornal que você dizia ser "metido a cult", eu sei que se eu tivesse escolhido o Felipe, aquele meu ex-namorado, eu teria uma vida estável e alegre. Mas assim como eu estava muito convicta da psicologia, eu estava muito convicta de você. Assim como a psicologia me faz muito feliz, eu sei que você me faria. Eu sei que depois de experimentar a psicologia, a vida nas outras profissões não me satisfariam mais. Assim como a vida, com qualquer outro, não me satisfazem mais. Eu não acredito em almas gêmeas, meu amor, eu acredito em escolhas. E eu sempre terminarei escolhendo você. Porque seria injusto com qualquer outro fingir que eles eram os meus escolhidos, quando, na verdade, minha escolha sempre será de outro.

Com toda a minha vontade de me explicar,

Alice.