terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tua Pele

Eu queria estar debaixo da tua pele, 
Sentir tua pulsação.
Colar na tua alma.
Eu queria me misturar com o teu suor
Beber do teu sangue.
Eu queria estar dentro de você.
Eu queria ser teu pensamento,
Respirar pelos teus poros
E enxergar através dos teus olhos.
Eu queria estar debaixo da tua pele...
E ainda assim, ainda assim, meu amor,
Não seria o suficiente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Essa ventania.

Foi o vento que a moldou. 

Varreu as dores e os ex-amores. 

                                                 Dançou devagar com os seus cabelos...


                           Assanhou sua alma. Sussurrou em seus ouvidos a canção da chuva.

    Foi o vento, levando as folhas secas e trazendo as flores, que fez brotar nela um sorriso perdido. 


                                                     A guardou sem prendê-la. 



                               Foi tudo culpa do vento que soprou nela o que há tempos havia perdido... 

Foi o vento que a libertou, que lhe salvou a vida. 

                                                                     Ah, o vento...

                       Sopra todas as feridas.





À Dessamore, que me inspirou essa ventania e continua inspirando.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Me ancorei na Lua.

Ancorei meu coração na lua.
Agora, por os pés no chão não dói mais tanto assim.
Porque desde que meu chão é a lua
Ando no imaginário.
E visito a realidade que é tão ruim.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

R.,

É sempre assim quando chega agosto. Parece que sua presença está em todo lugar e eu me sinto sufocada. Já fazem quatro anos. Dá para acreditar? Quatro longos e doídos anos. Eu ainda escuto sua voz, sussurrando antes de eu dormir "boa noite, Marizinha". Sabe que só esse ano eu apaguei teu número da agenda do meu celular? Mas nunca te apago de mim. E durando o mês de agosto, te carrego mais perto de mim do que nunca. Descansa em paz, amigo. 

M.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Saudade

Tem essa rua no Pina que tem o seu nome.
Seu cheiro.
Seus segredos.
E tantos, tantos momentos.
Nossos momentos...

Tem essa rua no Pina que tem o seu nome.
E o teu nome é saudade.

À Júlia.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Esses amores...

O teu amor me matou
Matou-me fingindo amor.
E chamando de meu
Os amores como o seu...

Desfaleci.

Amor,

Dor é uma coisa engraçada, não é? Ela dói, dói, dói como se não fosse passar nunca, rouba sua paz, sua calma, sua felicidade. E, então, um dia, você se percebe sorrindo. Não é que pare de doer, mas chega esse dia em que a dor é esquecida, mesmo que temporariamente. Chega esse dia em que dor dá lugar a qualquer outro sentimento. Te escrevo dessa vez para compartilhar minha constatação ou epifania, pode chamar como quiser. A dor passa... Com o tempo, ela vai deixando de ser o norte e vira nordeste, oeste e quando eu perceber, ela já estará no Sul. A dor passa. Não é lindo? Não é perfeito? A dor passa. Mas tenho aprendido que o amor não. A dor passa... O que não passa é você. Só não dói mais como doía.

                                                               Com toda minha esperança, Alice.


Para Cristina, que me ensina sobre a dor e me inspira epifanias. 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Alice


Alice é uma dessas mulheres impossíveis de esquecer, mesmo depois de anos sem vê-la, sei que ainda vou lembrar do seu sorriso, dos seus olhos, da forma como ela mexe o cabelo. Nunca esquecerei Alice e se tem um desejo que eu faço em segredo toda noite é o de que ela não me esqueça também ou que, pelo menos, me guarde. Nem que seja em uma caixa velha, para um dia, sem querer, achar e sorrir. Porque se um dia Alice me esquecer de vez, me deixar de vez ou me trocar de vez... Eu deixo de existir. 


R.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Confesso

Para me confessar,
Escrevo versos.

Como quem chora, 
Me confesso.

A poesia é o meu
Confessionário.

O poema, 
meu lamento.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Enquanto aguardo

Querida Morte,

Se a vida é sangue

E o sangue pulsa,

A vida pulsa.

E quando chegas,

Expulsa.

Então, agora...

Assisto-lhe 

Chegar. 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Amor,

          Sabe o que mais doeu na sua partida? Ver minha vida ir embora junto com você. Todos os nossos planos, nossa vida, tudo o que poderíamos ter! Nossos filhos foram embora, nossa casa na praia, nossa viagem para Europa, nosso casamento dos sonhos, nossas brigas, você se foi e levou a minha vida... Tudo o que eu queria que fosse minha vida. Todos os meus planos... Me deixou apenas um sonho: Você. E eu não desejo isso a ninguém.

                                                            Com toda a minha tristeza, Alice. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Escrava e o Sinhôzinho.

Tua pele de seda branquinha, 
Em contraste com o couro preto
Que é meu, se entrelaça
Como se fosse feita do mesmo tecido pobre
Quando se costura o seu com o meu.

O retalho feito com linha vermelha
Rasga os panos e os une.
Os rasga e os une.
Rasga o pano.
E os une.

Tua pele de seda branquinha
Em contraste com o couro preto meu.
A linha vermelha nos atrevessa.
Une.
Rasgá-nos?

Nanquim

Tinta Fresca
Escorre pelo papel.
Assume forma
(forma de vento)
Forma de nada
E o nada é tão lindo.
(Derramando)
Derramando
Me.
(Entre parênteses 
as não querências)

Cotidiano

Forremos as camas,
Tomemos nosso café,
Varramos a casa,
Arrumemos o que não está no lugar.

Lavemos os pratos,
Dancemos uma valsa,
Só para fugir do lugar.

Voltemos para casa na hora do jantar,
E beijemo-nos as bocas.

Que a morte vem.

sábado, 21 de abril de 2012

Dicordis

Te sei de cor, 
dona Lua.

Te sei todinha, 
E ainda assim me surpreendes.

Te sei de cor, 
Toda branquinha
E cheia de imperfeições.

Te sei de longe.
 porque és Rainha 
Desse (meu) mundo.

Te sei de cor,
coração.

Para Bárbara, minha lua.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Baladinha de amor.

Baladinhas de amor
Duram a noite inteira
Mas não me saio inteira
De baladinhas de amor.

Cássia, te dedico.

O Barquinho de Manuel.

E o barquinho se foi...
Flutuando pelas águas.
Devagarzinho...

Não se sabe para onde
Ou se chegou a algum lugar,
Mas o barquinho se foi.
Teve coragem de remar.

Alminha.

Hoje, uma menininha falou assim para mim:
- Tô bonita, tia?
Então, eu respondi que sim e ela deu um sorriso tão grande que parecia que eu tinha dito que ela tinha ganho uma boa vida a vida inteira.
Bom é alma de criancinha,
Purinha, inocente...
Criança fica feliz com qualquer coisa e parece que adulto fica triste com qualquer coisa.
Então lembre-se que sua alma é ainda é infantil, pura e livre e sorria.
Porque eu estou dizendo que você é, de todas, a mais lindinha.

Para E.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Olhos de ver poesia.

E se 
Eu visse
Menos poesia
Na Vida.

Talvez
Eu (não) tivesse
Mais Vida.

domingo, 4 de março de 2012

Ô Menina!

Por que cantas o amor assim?
Como sinônimo de dor?
O amor não é isso, menina.
Deixa que eu te ensino o que é amor.
Para começar: serás amada
E para terminar: Não deixo ter fim.

Isso é que amor, menina, eu, a vida inteira, te fazendo feliz
E você, a vida inteira, me fazendo sorrir.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ainda bem

Foram tantos invernos
Que a primavera, ao chegar, pareceu hostil.
Deu saudade do frio.

Tanta, tanta saudade...
Se dissipando nas flores.
Até o Sol sorriu.

Foram tantas primaveras
Que o inverno, ao chegar, pareceu sombrio.
E era mesmo...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Amor,

        Hoje parecia que o relógio estava parado e eu estava presa em uma dimensão do tempo em que só havia eu, você e a dor. Como sempre. Mas você era uma criação minha, eu era uma criação minha e a nossa dor era o que fazia aquela dimensão parecer tão real, embora também fosse uma criação minha. Abracei meus joelhos e me vi um feto, ainda preso ao útero, sem poder sair. Estava em posição fatal e meu coração tremia. Minhas mãos estavam tão frias que até meu próprio toque doía em mim. Geralmente era você que me cuidava quando essas coisas aconteciam, mesmo quando eras o culpado. Gostaria de saber como estás, mas não tenho coragem de ir atrás de você... Não depois de minha última carta. Te pedi que não voltasse, que não se atrevesse, não posso ir até você. Até porque estou presa. Estou presa na dor. A dor que é, por tua causa, consequencia. Então, me mantenho firme. Em minha dimensão de dor. Culpando-te. E pedindo-te: Não volte, não volte, não volte, não volte... E talvez, talvez, sendo um pouquinho mais sincera que o usual, orando baixinho que me desobedeças. Porque quero largar os dias masoquistas que passei ao teu lado em teus braços.

                                         Com toda a minha dor coragem, Alice.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Amor!

- Por que gostas tanto de escrever sobre o amor?
- Porque o amor é coisa mais corriqueira que existe.

Amélia e Henrique.

- E o amor, Amélia?
- O que tem o amor?
- Você também não acredita nele?
- Claro que acredito no amor, só não acredito no seu amor.
- Por quê?
- Porque você me conhece há tanto tempo e só agora cismou de me amar.
- Eu amei você desde que te vi pela primeira vez.
- Você se lembra disso?
- Sim. Foi há dois meses atrás e você usava uma trança no cabelo.
- Mas nós nos conhecemos há anos, Henrique...
- Mas só naquele dia eu te vi.
- E então você passou a me amar?
- Não.
- Não?
- Não. Só ali eu percebi que venho te amando há muito tempo.
- Quanto tempo?
- Não sei. O fato é que amo.
- Ama mesmo?
- Já não disse que amo!
- Se me amas... Ama-me.
- Amo.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Eles no Café.

Eles caminham pelas ruas sozinhos e parece que nunca estiveram próximos a alguém. E, então, em algum dia eles se encontrarão em um café, vai estar chovendo lá fora e os cabelos ruivos dela estarão caindo no rosto, ela pedirá um chocolate quente e se sentará em uma das mesinhas. Ele estará sentado frente à mesa dela e deixará escapar um sorriso. As bochechas dela ficarão rubras, afinal, ela nunca vira um sorriso tão lindo sorrindo para ele. Ele a achará ainda mais linda depois daquilo. Ela pegará o livro guardado na bolsa apenas para fingir que não está observando já ele não fará questão de mostrar discrição. Ela vai amar isso nele. Ele se levantará, levará o café que ainda está tomando e sentará na mesa dela. Se apresentará e ela ficará meio boba enquanto fala seu nome. Ele fará um comentário inteligente sobre o livro que ela está lendo e ela rirá das piadas dele. Ele achará cada mínimo trejeito dela adorável e ela ficará viciada no som da voz dele chamando seu nome. Eles conversarão sobre um monte de coisas e descordarão mais do que concordarão, ele vai admirará-la por isso e ela achará que não existe ninguém no mundo que a prenda em uma conversa como ele. Eles sairão daquele café juntos e parecerá que nunca estiveram sós.