terça-feira, 29 de maio de 2012

Enquanto aguardo

Querida Morte,

Se a vida é sangue

E o sangue pulsa,

A vida pulsa.

E quando chegas,

Expulsa.

Então, agora...

Assisto-lhe 

Chegar. 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Amor,

          Sabe o que mais doeu na sua partida? Ver minha vida ir embora junto com você. Todos os nossos planos, nossa vida, tudo o que poderíamos ter! Nossos filhos foram embora, nossa casa na praia, nossa viagem para Europa, nosso casamento dos sonhos, nossas brigas, você se foi e levou a minha vida... Tudo o que eu queria que fosse minha vida. Todos os meus planos... Me deixou apenas um sonho: Você. E eu não desejo isso a ninguém.

                                                            Com toda a minha tristeza, Alice. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Escrava e o Sinhôzinho.

Tua pele de seda branquinha, 
Em contraste com o couro preto
Que é meu, se entrelaça
Como se fosse feita do mesmo tecido pobre
Quando se costura o seu com o meu.

O retalho feito com linha vermelha
Rasga os panos e os une.
Os rasga e os une.
Rasga o pano.
E os une.

Tua pele de seda branquinha
Em contraste com o couro preto meu.
A linha vermelha nos atrevessa.
Une.
Rasgá-nos?

Nanquim

Tinta Fresca
Escorre pelo papel.
Assume forma
(forma de vento)
Forma de nada
E o nada é tão lindo.
(Derramando)
Derramando
Me.
(Entre parênteses 
as não querências)

Cotidiano

Forremos as camas,
Tomemos nosso café,
Varramos a casa,
Arrumemos o que não está no lugar.

Lavemos os pratos,
Dancemos uma valsa,
Só para fugir do lugar.

Voltemos para casa na hora do jantar,
E beijemo-nos as bocas.

Que a morte vem.