segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amor,

      Só se passaram dois dias, mas parece que foram dois anos. A casa está triste e eu fico te imaginando aqui. Parece que eu estou enlouquencendo e ouvindo sua voz pelos cômodos. Não mexi no que você deixou aqui, fico fazendo de conta que as coisas - assim como a minha vida - vão se arrumar sozinhas. Ontem à noite, assisti nosso programa de tv favorito e senti tanta saudade que o meu coração pareceu inchado e grande demais para caber no peito, ele estava cheio de você e como tudo relacionado a você e a mim, doía. E doeu mais, porque a pior dor do mundo é aquela que o remédio está nas mãos de outro. Acolhida pela dor, resolvi ter uma crise masoquista, vi nossas fotos, cherei o teu perfume, abracei teu travesseiro, chorei, pensei em te ligar e desisti, pensei em ir bater na porta do seu coração e pedir pra voltar pra lá, pensei, pensei, pensei... E por sorte, fiz o mais sensato: Li um livro e depois fui dormir. Ao acordar, a sensação me voltou. Me doeu, me abraçou, me obrigou a te escrever essa carta. E ela só carrega um pedido: Não volte mais. Não volte em caso algum. Não volte para mim. Não volte. Vá ser feliz e me deixe aprender ser feliz sozinha. Porque somos dor e não amor. E eu estou tentando largar os dias masoquistas. 

Com toda minha dor, Alice.

3 Travessos:

Anônimo disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAI QUE LINDO! Ai, tava dando uma olhada nos textinhos que eu ainda não havia lido e fico toda viada com as coisas que você escreve, sério, sou muito sua fã!
Não vou morrer até ler um livro de poemas lançado por você! E tenho dito!
(Cu)

Igor Morais disse...

Maabi, que lindo, que triste!Porque grandes dores paradoxalmente nos trazem coisas bonitas...E escrever é uma forma de se libertar.Deixa a dor fluir mais vezes e divide mais momentos conosco!

Um xeero!

Jú Rodrigues disse...

LINDO. sem mais.